Embora o tempo não faça
uma parada para recomeçar zerando o relógio das coisas que já aconteceram – de bom
e de ruim –, ele é mágico e nos passa essa impressão, a cada início de ano. É uma forma que ele encontra de nos rejuvenescer, nos motivar e nos
mostrar o milagre que é acreditar que tudo vai mudar – e para melhor – em nossas
vidas. 2015, primeira aula de Especialização em Educação do Campo – Saberes da
Terra – em Pau dos Ferros/RN, sábado, dia 24/01, no Instituto Federal de
Educação, de Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN. O carro com os seus ocupantes cruzava vales e
pequenas montanhas e levava, em amostras, o que a terra do município da Serra
do Mel/RN oferece, como riqueza, para quem precisar dela sobreviver. Amostras
essas que dariam direção ao Seminário sobre Economia Solidária. Às margens da
estrada, o pequeno agricultor se levantava para mais um dia de labuta na aridez
de seu roçado. O gado magro, já buscava, no pouco que a terra ainda pode lhe
dar, o bocado para enganar a fome enquanto espera por pastos mais suculentos de
relvas macias e apetitosas. Os outros animais faziam o mesmo. A mãe natureza, sabedora da falta de chuva que aplaca a região, castiga menos com o seu Sol e
faz soprar uma leve brisa para amainar o calor que se faz sentir no semiárido
potiguar da tromba do elefante. A água, bem precioso, é escassa. As cisternas
ao lado das casinhas, à beira da estrada, esperam, pacientemente, que os céus
mandem o néctar da vida, para poderem se encher de novas esperanças desses dias
melhores. De outros municípios da região, outros ocupantes, que também vinham
para o mesmo encontro, com certeza, estavam presenciando – por onde passavam –
a mesma cena. Eles, assim como os ocupantes do carro que vinha da Serra do
Mel/RN, levavam suas amostras para partilharem. Agregar conhecimento, valores e
experiências, possibilita avanços na construção de um mundo melhor.
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Já na cidade de Pau dos
Ferros, todos os caminhos convergem para o IF. Como sempre acontece, a primeira
parada é no refeitório da instituição, com a recepção de um café da manhã.
Em seguida, no pátio de
entrada, debaixo de uma marquise de estrutura sólida, as barracas, para a Feira
de Economia solidária, estavam sendo montadas. Cada município participante – e suas
comunidades – estava ali para mostrar o que produzia e, com isso, promover uma
rede de troca.
Depois de prontas (as
barracas), abertas, pois a visitação dos outros municípios estampava o orgulho
de suas localidades identificando-as através daquilo que produziam, em suas
mais variadas formas de culturas.
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Serra do Mel
Componentes:
Elisângela Sales Luzia Isabela Raimundo Antonio Teresa Cristina
Produtos:
Mel Castanha Doce Rapadura Suco |
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Martins
Componentes:
Meire Leidiane Deta Iraci
Produtos:
Frutas Legumes |
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Cel. João Pessoa
Componentes:
Sendizângela Nidza Damiana Joaquim Rêgo
Produtos:
Cana de Açúcar Macaxeira Caju Milho Manga |
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Almino Afonso |
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Janduís
Componentes:
Lázara Martilene
Produtos:
Cocada Tapioca doce Bolo Doce de leite Biscoito Queijo |
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Caraúbas
Componentes:
Agnaldo Adriana Francisco Pereira Adjanete Bárbara
Produtos:
Doce Castanha Mel Bolo Queijo Banana Artesanato Limão |
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Portalegre - 1
Componentes:
Suzy Conceição Janaina
Produtos: Polpas Doces Cajus Castanhas Tapioca de forno |
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Portalegre - 2
Componentes:
Cleide Adriana Delaine
Produtos:
Artesanato Frutas Bolinhos Lambedores Licores Legumes Cordéis |
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Rafael Fernandes
Componentes:
José Ari Maia Filho Dalvani Iliana
Produtos:
Apicultura Artesanato |
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São Miguel
Componentes:
Cláudia Josefa borges Socorro rodrigues
Produtos:
Frutas Animais Legumes Vegetais Artesanato |
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Pau dos Ferros
Componentes:
Edna Leilane Rosali Francisca Aparecida Vânia Narla
Produtos:
Mel Feijão Acerola Arroz Sorgo |
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Água Nova
Componentes:
Daiane Renata Rosângela Elizonete
Produtos:
Milho Banana Hortaliças Mel Laranja |
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São Francisco do Oeste
Componentes:
Antonio Viana Meire Telma Welenglânia
Produtos:
Galinha caipira Leite pasteurizado Nata Ameixa Cheiro Verde Cebola Alface Doce |
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Riacho de Santana
Componentes:
Graciane Aurilécia Cleonildo
Produtos:
Derivados de milho |
A equipe de professores
do Instituto visitou cada estande, ouviram seus conceitos e explicações e
avaliaram a execução de cada uma delas, bem como, a representatividade dos
produtos trazidos (tanto quantitativamente, de modo a favorecer uma boa troca
entre as equipes, quanto simbolicamente, na medida em que deviam estar
relacionadas à identidade do local de origem), sua organização e receptividade
para com os outros municípios e suas localidades.
Após a visita, deu-se
início à troca de produtos entre eles. Cada município realizava troca de acordo
com as suas necessidades, efetivando assim um dos conceitos usados para esse
tipo de economia: uma intenção de promover o desenvolvimento local através da
cooperação visando a organização das economias locais, com o objetivo de
fortalecer a comunidade envolvida na medida em que concede a mesma a possibilidade
de desenvolver seus empreendimentos.
No segundo momento do
dia, os professores e técnicos foram para as salas de aula e lá, com os textos
de apoio, além de outros textos que cada grupo pôde recorrer – e também suas
experiências – desenvolver o conceito de Economia solidária.
Abaixo, os textos disponibilizados
pela equipe:
1.
Economia Solidária como Alternativa de
Desenvolvimento Regional, de Daniela Freitas Chaves e Iléia Maria Jesus Pinto;
2.
Desenvolvimento Solidário: significado e
Estratégia, de Paul Singer;
3.
A construção da Economia Solidária como
alternativa ao Capitalismo, de Paul Singer.
Na apresentação, cada
grupo elegeu um caso – dentro das características de EES (Empreendimentos de
Economia Solidária) – para ser mais observado de modo mais analítico,
analisando o seu funcionamento nas seguintes situações:
1. Como
esse empreendimento opera;
2. Quais
as suas dificuldades e o que as causa;
3. Quais
os frutos exitosos;
4. O
que os motivou, etc.
Na opção de que o caso
de Economia Solidária inexista na comunidade, o grupo poderia levantar porquês
e propor empreitadas viáveis para que isso realmente pudesse acontecer.
Por fim, cada grupo
ilustrou a sua apresentação com um exemplo de sucesso (local, nacional ou
internacional) de EES, analisando os fatores que favoreceram seu êxito e as
dificuldades que foram superadas na esteira de sua consolidação e estabelecer
um paralelo entre as duas realidades.
SALA
EDSON FILHO
1.
LUIZ GOMES
Almoço...
2.
RIACHO DE SANTANA
3.
PORTALEGRE – 1
4.
SERRA DO MEL
5.
PORTALEGRE – 2
No auditório da
Instituição, três municípios trouxeram, de suas comunidades, apresentações culturais
denominadas “Manifestações Culturais”:
1.
Água Nova: trouxe um grupo de jovens
estudantes de seu município, que encenaram uma peça de teatro baseada no sono.
2.
Martins: trouxe um grupo de jovens
estudantes de seu município, que encenaram uma peça de teatro falando dos
aspectos étnicos de sua cidade.
3.
O Perímetro de Pau dos Ferros: trouxe um
repentista e cantador de viola, que descreveu, em versos, o que era seca, fome,
além de introduzir um conceito de economia solidária na sua visão de poeta.
Um dia rico em conhecimentos,
trocas de experiências, discussões profícuas, onde a realidade de cada município
participante dos Saberes da Terra vai sendo mapeada e colocada como exemplo, encetando
novos caminhos para que a mudança em suas comunidades seja implantada e traga,
com isso, novas perspectivas de uma construção voltada para o fortalecimento de
sua população.
No lanche da tarde,
antes da volta, carregados de novos produtos, os professores estavam felizes
com os rumos que estavam sendo plantados em cada região por onde eles estavam
socializando seus conhecimentos e instigando a promover o desenvolvimento de
forma sustentável, participativa e adequada as suas realidades socioeconômicas
e culturais.