Os primeiros raios de sol ainda estavam distantes de chegarem ao torrão natal dos professores dos Saberes da Terra do município da Serra do Mel/RN, quando eles, saindo de suas moradias, dirigiram-se ao local da 1ª aula da Especialização em Educação do Campo: a cidade de Pau dos Ferros/RN, distante 160 quilômetros de onde eles estavam.
Cada um deles, morador de uma localidade diferente do município onde ministra aulas...
- Antônia Farias: Upanema/RN – 90 quilômetros – Serra do Mel,
- Elizângela Sales: Maisa/RN – 80 quilômetros – Serra do Mel,
- Luzia Isabella: Assentamento Nova Vida/RN – 50 quilômetros – Serra do Mel,
- Teresa Cristina: Assentamento Nova Vida/RN – 50 quilômetros – Serra do Mel e,
- Raimundo Antonio: Mossoró/RN – 40 quilômetros – Serra do Mel
... se encontraram na cidade de Mossoró/RN e rumaram em direção à famosa Tromba do Elefante – denominação dada à parte do Mapa do Rio Grande do Norte onde se localiza a cidade de Pau dos Ferros.
A viagem, tranquila para os professores até o seu destino final, não demorou mais do que duas horas. As localidades por onde passaram iam, aos poucos, acordando para um novo dia, uma nova esperança e uma nova experiência. Nas margens da estrada a vida acordava nos galhos das árvores e, nos pastos castigados pela seca, os animais já se levantavam em busca do que comer e, também, do que beber. Os moradores, à porta de suas casas, olhavam o céu à procura de uma nuvem mais escura, sinal de fé do nordestino no líquido da vida, que alivia, cura e multiplica no sertão do semiárido brasileiro.
Na mente dos educadores, a certeza de que aquele dia seria o começo de uma nova etapa no programa que eles praticam em prol de uma coletividade chamada Caju e Castanha e Flor do Cajueiro, denominação dada às turmas da Serra do Mel, formadas por alunos/colonos dos Saberes da Terra.
No IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte) de Pau dos Ferros, várias delegações também se faziam presentes para o curso. Todas elas imbuídas do mesmo objetivo, inerente ao ser que optou por formar cidadãos plenos: aprofundar conhecimentos e tornar a vida daquele que ainda sofre com a desigualdade social, um cidadão/trabalhador mais autônomo, menos dependente e mais consciente de seus direitos e deveres.
A CHEGADA:
A comitiva de Serra do Mel foi a primeira a chegar ao local de estudo. Enquanto esperava a chegadas das demais delegações, o sol que se fazia presente dava o tom do dia para todos.
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Da esquerda para a direita: professoras Teresa, Antônia, Luzia e Elizângela |
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Da esquerda para a direita: professores Raimundo Antonio, Antônia Farias, Luzia Isabella e Elizângela Sales |
O AUDITÓRIO DE APRESENTAÇÃO:
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A coordenação dá as boas-vindas... |
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... aos professores da especialização dos Saberes da Terra |
A APRESENTAÇÃO DE CADA MUNICÍPIO PARTICIPANTE:
A coordenação do curso de pós-graduação da Educação do Campo – IFRN Pau dos Ferros – propôs uma apresentação distinta: cada município diria de onde vinha através, simplesmente, de mímica. E cada município representado ali no auditório tentaria adivinhar de onde vinha a delegação.
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Pau dos Ferros |
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Almino Afonso |
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Portalegre |
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Serra do Mel... |
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... com o seu grito de guerra |
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Encanto... |
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.. com seu grito de guerra |
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Felipe Guerra |
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Martins |
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... com seu grito de guerra |
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Cel. João Pessoa... |
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... com seu grito de guerra |
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Luiz Gomes... |
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... e a sua coreografia |
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Água Nova |
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Riacho de Santana |
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São Francisco do Oeste |
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Rafael Fernandes |
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Francisco Dantas |
A SALA DE AULA (1)
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Sala do professor Abreu |
Na parte da manhã, os professores foram divididos em quatro grupos e cada grupo foi encaminhado para uma sala com a presença de um professor do IFRN. Na sala onde ficaram os professores de Cel. João Pessoa, Martins e Serra do Mel, o professor designado, o zootecnista Abreu, especialista em apicultura, com trabalhos desenvolvidos junto à Secretaria de Agricultura do estado do Ceará.
A dinâmica de trabalho foi, num primeiro momento, relatar a realidade de cada município – com relação às condições de trabalho – desde a estrutura física, humana, material, financeira, pedagógica, etc.
Os relatos se equivaleram e ficou claro que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que as condições de trabalho – em toda a sua complexidade – se aproximem mais das condições de trabalho já conseguidas pela educação do ensino regular.
Em quase sua unanimidade, os professores falaram sobre os desafios que eles têm pela frente, haja vista que, se o ensino regular é (ainda) deficitário em toda a sua estrutura, tentar chegar e se equiparar a essa estrutura significa imaginar que a educação diversificada, voltada para as minorias (quilombolas, ribeirinhos, indígenas, assentados, colonos, etc.) ainda está em passos onde pisar a terra é como pisar em algo não tão sólido, não tão firme com a própria terra em que eles próprios vivem.
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A professora Elizângela (Serra do Mel) elabora o cartaz de apresentação da turma |
A APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS:
Na apresentação, as quatro salas discorreram, praticamente, num modelo só de realidade em seus municípios. As dificuldades encontradas para que o programa fosse implantado, a falta de incentivo, a falta de estrutura para o funcionamento, a falta de transportes (em alguns municípios) para alunos e professores. Além disso, a questão de repasse de bolsas – para professores e alunos/colonos –, repasses de verbas para o funcionamento do programa – merenda, material, gratificação de ASGs – se configurou numa discussão de todos os municípios.
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Rafael Fernandes, Caraúbas, Francisco Dantas, Apodi e São Miguel |
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Serra do Mel, Cel. João Pessoa e Martins |
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Luiz Gomes, Água Nova, Riacho de Santa e São Francisco do Oeste |
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Portalegre, Almino Afonso e Encanto |
UMA PAUSA:
O restaurante do IFRN acomodou os professores na questão alimentação: café da manhã, almoço e lanche da tarde.
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Bate-papo na fila para entrar no... |
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... refeitório da IRFN |
A SALA DE AULA (2)
No segundo momento (parte da tarde) as salas foram aumentadas mais duas turmas, passando a não serem mais quatro salas, mas somente duas.
A discussão girou em torno da Agricultura Familiar e a sua relação de independência ou dependência com relação ao Agronegócio ou aos grandes Latifundiários.
Os professores Luciano e Abreu colocaram em discussão um texto de Valéria de Marcos – professora do Departamento de Geociências da UFPB e do programa de pós-graduação em geografia (Mestrado) daquela instituição, intitulado “Tempo de semear: novos caminhos para um novo campo no Brasil do século XXI”.
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Sala dos professores Luciano e Abreu |
A discussão foi profícua, pois os relatos advindos de vários professores e suas áreas (História, Geografia, Biologia, Matemática, Pedagogia - inclusive da terra, etc.) transformou a sala num celeiro de ideias, afirmações e confirmações sobre os dilemas, problemas e consequências enfrentados pelo homem do campo e a sua subsistente condição de amor à terra, e mostrou todas as dificuldades que ele enfrenta para poder subsistir aos grandes negócios, vivendo da agricultura que, de fato, impulsiona (ainda) e gera riqueza para o Brasil.
A VOLTA:
A tarde vinha caindo no horizonte quando se encerrou o dia letivo. Os professores, cada grupo, dirigiram-se, de volta, para os seus lugares. Na bolsa, apostilas para o aprofundamento das discussões e, consequentemente, os deveres de casa; no pensar, a certeza de que o caminho para uma vida coletiva sem desigualdade e sem trabalho escravo passa, verdadeiramente, pela consciência de saber-se inserido nesta sociedade e dela ser membro ativo, com o direito de poder decidir o caminho, livremente, a ser tomado.
NOTA DA 12ª DIRED:
Os professores dos Saberes da Terra do município da Serra do Mel/RN ministram aulas na Escola Estadual padre José de Anchieta – vila Rio Grande do Norte – pertencente à circunscrição da 12ª Diretoria Regional de Educação, da Cultura e Desporto. Devido a um problema de comunicação – na aula inaugural da especialização em Educação do Campo –, a diretora da entidade não foi avisada e, por isso mesmo, os professores estiveram ausentes. Desta vez, a diretoria foi avisada, oficialmente, e os professores puderam participar da 1ª aula, agregando conhecimentos que serão de grande utilidade para as futuras aulas nas turmas Caju e Castanha e Flor do Cajueiro.
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