Sábado, dia 30 de
agosto, os professores do polo Pau dos Ferros/Especialização em Educação do
Campo rumaram para o IFRN daquela cidade para mais um dia de intensos
trabalhos. Na bagagem, várias incertezas, todas voltadas para os dois vieses da
Educação do Campo:
- Programa Saberes da Terra – ProJovem Campo
- Especialização em Educação do Campo
Na chegada, a primeira
parada é no restaurante, para um coffee
Break. Em seguida, os professores se dirigem ao auditório da instituição e
lá recebem as orientações, os comunicados e se dirigem, em seguida, para as
salas de aula.
Desta vez, como havia
muitas dúvidas com relação ao futuro do Programa e, também, da Especialização,
a coordenadora Amélia Reis aproveitou a presença de todos para esclarecer
alguns pontos e ouvir, dos professores, as suas dúvidas e interrogações.
Desta forma, boa parte
da manhã do sábado foi para se ouvir os relatos sobre o documento enviado às
DIREDs e as angústias e incertezas que ele causou aos profissionais que estão,
como eles disseram, a menos de quatro meses do término do programa e, de
repente se veem sem nenhuma expectativa de darem continuidade ao que ficou
estabelecido em contrato assinado entre eles e a Secretaria de Educação.
Da parte da
Especialização, segundo a coordenadora Amélia Reis, a instituição IFRN dará
continuidade à Especialização em Educação do Campo, “mesmo porque os recursos
foram todos repassados para a instituição e ela, desde que a cota mínima de
alunos da Especialização continue, tem o compromisso de cumprir com o seu
cronograma de atividades”.
Nos debates que se
seguiram, os professores tiveram a oportunidade de socializarem suas posições,
a posição de suas DIREDs, o que a interrupção do programa acarretaria para os
seus alunos – e a própria comunidade onde ele está inserido – além de
discutirem a questão primordial dos salários e bolsas atrasados, da ajuda de
deslocamento para suas idas ao polo Pau dos Ferros e as medidas a serem
tomadas para que o problema seja sanado.
O efeito da decisão
tomada pela Secretaria de Educação já pode ser sentida neste sábado: dos 104
professores e técnicos inscritos no Curso de Pós-Graduação, apenas 45
compareceram ao 7º Encontro, muitos, relataram seus colegas, por falta de
condições financeiras para se deslocarem de suas localidades até o local de estudos.
Após as discussões e
alguns consensos, o 7º Encontro teve início com o vídeo “O Retorno do
Território” com o intelectual e pensador Milton Santos.
RESUMO
O filme trata do processo de globalização com base no
pensamento do geógrafo Milton Santos, que, por suas ideias e práticas, inspira
o debate sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo.
Milton Santos é um dos geógrafos e intelectuais mais conhecidos
internacionalmente. E é brasileiro. Em “O Retorno do Território”, ele nos
conscientiza de que convivemos com uma ideia de território que vem de herança
da Modernidade incompleta e de seus conceitos puristas.
Para Milton Santos, é a utilização do território, e não o território per
se, que faz dele problemática da reflexão social. A compreensão do território
se torna, assim, essencial para se livrar do perigo da alienação, o perigo da
perda da significação do existir individual e coletivo, o perigo de renúncia ao
futuro. Para ilustrar tal tese, aborda temas tais como: local versus global,
globalização, espaço banal, redes, verticalidade e horizontalidade,
cosmopolitismo, transnacionalização, Modernidade incompleta, governo mundial: O
FMI, o Banco Mundial, o GATT, as organizações internacionais, as Universidades
mundiais, as Fundações que fomentam a pesquisa em nível global etc.
Milton Santos considera que, quando se refere a Mundo, está se referindo, principalmente, à noção de Mercado que
perpassa tudo na contemporaneidade, inclusive a consciência dos indivíduos.
“O retorno do território” é um dos artigos em SANTOS, Milton et al
(orgs). Território: globalização e fragmentação. 2. ed. São Paulo:
HUCITEC, 1994. p. 15-20. O conjunto desses ensaios constitui a versão original
ou superficialmente modificada de alguns dos trabalhos apresentados no
Seminário Internacional ‘Território: Globalização e Fragmentação’, realizado de
28 a 30 de abril de 1993, sob a organização da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional e pelo Departamento
de Geografia da Universidade de São Paulo.
Fonte:
Vídeo completo em: https://www.youtube.com/watch?v=0nom9LyCH3g
FILA PARA O ALMOÇO...
Na parte da tarde, após o
almoço, os professores se dirigiram às suas salas de aula, e lá, fizeram a
análise do vídeo e discutiram, também, dois textos:
·
Geometrias
não são Geografias: O Legado de Milton Santos
·
Direitos
Humanos sob a Ótica da Territorialidade
SALA FELIPE E EDSON
SALA ABREU E MÁRCIO
As discussões sobre os dois textos, intercalando com o vídeo
apresentado, suscitaram riquíssimas interpretações e foram catalogadas, depois da
mediação feita pelos dois professores, como sendo valiosas para o entendimento
da questão de pertencimento do indivíduo diante daquilo que se apresenta como
sendo um direito universal: a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foram
discutidos e debatidos:
·
O discurso
de esclarecimento e conscientização dos direitos
·
A criação
de leis que impeçam os abusos
·
A fiscalização
do cumprimento dessas leis
·
Os Direitos
(sob a ótica ocidental)
·
Os
desrespeitos (assassinos, genocídios)
·
As barbáries
·
A questão
política
·
Os
territórios
·
O poder econômico
·
A
racionalidade do sistema
·
A história
dos territórios através dos tempos
·
A
globalização
·
O
globalismo
·
As aldeias
globais
·
Espaço
·
Sistema de
objetos
·
Sistema de
ações
Após o lanche da tarde, e de volta para as salas, os professores
receberam as atividades do próximo encontro, que será dia 20 de setembro.
Na volta para casa, enquanto a brisa do final da tarde amainava o calor
do semiárido daquela região da “tromba do elefante” e o sol escaldante, que
agora ia se encobrindo por detrás da planície esperançosa – à espera da chuva
salvadora de suas lavouras –, desse a energia necessária para que a sabedoria coletiva
fosse a marca de suas decisões para um futuro melhor para o homem do campo, os
professores rumavam para os seus territórios de origem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário