terça-feira, 15 de outubro de 2013

FELIZ DIA DO PROFESSOR!


O PRAZER DE ENSINAR – PARTE II

Raimundo Antonio: rsouzalopes@hotmail.com 

“O professor é um sedutor na sala de aula”. Essa frase, pronunciada por um dos meus alunos no curso de pós-graduação, me fez tomar um susto. Primeiro, por ter achado a palavra “seduzir” forte demais para o contexto escolar; segundo, por essa frase ter vindo justamente de um aluno, que parecia, queria me provocar. Parei para pensar, confesso. Entretanto, ele a me ver meio confuso, tratou de explicar o porquê de ter dito, daquela forma, uma frase cujo efeito estava me deixando sem saber o que dizer, assim, de pronto. 

“Professor, se não for pela sedução do conhecimento, namorando cada aluno em sua intelectualidade, a escola está fadada ao fracasso de salas vazias, pois o atrativo das ruas é maior que os recursos a disposição de cada mente a ser trabalhada”. 

Ainda fiquei refletindo um tempo maior que o de costume, para poder me refazer do impacto, porém já começando a dar razão, e a suspirar aliviado pela explicação da frase dita, que soou como salvação para os desencantos da profissão. 

Percebi que é assim mesmo que funciona: o professor é, hoje em dia, um sedutor dos seus alunos. Além dos requisitos básicos que a profissão exige – idoneidade, moral ilibada, valores éticos, perseverança, dentre muitos –, ele ainda tem que usar de suas competências para cativar na sala de aula, o seu bem maior: o aluno! E é através de suas habilidades que ele passa a se declarar, a cortejar e até inovar em seus conhecimentos, para atrair e nunca permitir ao aluno sob a sua responsabilidade, que esse perca a oportunidade de se tornar um cidadão cumpridor de suas obrigações. O prêmio por esse esforço vem em forma de honestidade social e intelectual. 

Porém, antes de seduzir o aluno, o professor precisa ser seduzido pela educação, pela profissão que abarcou como sendo aquela que lhe completa e lhe deixa pleno em seu exercício diário: se atualizar, diversificando seus conhecimentos, se apropriando de novas tecnologias, procurando estar sempre se reciclando e interagindo com seus colegas, criando estratégias inovadoras, introduzindo a interdisciplinaridade em seu planejamento, se fazendo multidisciplinar, se preparando com todas as ferramentas disponíveis para a batalha, tornando um fazer pedagógico diferenciado, tudo isso faz parte de sua munição nesse campo onde cada conquista é comemorada como uma vitória de um Davi contra vários Golias. 

Por isso, e nesse ponto, seduzir o aluno faz parte de suas estratégias, e evita com isso, que ele faça parte das estatísticas negativas da evasão e, até, da marginalização: muitas das vezes é o próximo passo que a falta de sedução, por parte do professor, o leva a praticar – nos tempos atuais – na maioria das vezes em que se encontra fora dos muros da instituição escolar. É claro que existem exceções: não muitas. 

Entretanto, nem sempre é possível equilibrar a já desfavorável balança dos atrativos e seduções para com nossos discentes: o conhecimento além muro proporcionou, também, a proliferação de agentes desencaminhadores de nossos pupilos, disseminando informações errôneas, equivocadas, levando-os a agirem contra os princípios moral e ético, dando-lhes uma falsa aquisição de poder intelectual superior. Cabe ao professor utilizar essas habilidades para refazer todo o processo, dessa vez, em prol dos bons costumes e dentro da universalidade da crença em preceitos que a educação possui e tem direito a ela. 

Olhei, finalmente para aquele jovem professor público, sorri maravilhado com a frase dita na presença de mais de cinquenta colegas, que assim como ele, estavam ali para se reciclarem – galgarem degraus – se especializando na prática de atuação com adolescentes em situação educacional, e disse: 

“-Meu caro colega, você é o fio condutor do processo de transformação escolar, pois é você, com ou sem atrativo tecnológico, com ou sem as ferramentas apropriadas, que faz a diferença no dia a dia do seu pupilo: é você quem o modela para o futuro e lhe dá condições de exercer plenamente seus direitos de cidadão. Portanto, você está certo em dizer que essa sedução se dá em todos os níveis do fazer pedagógico e, acrescento: seduzir seu aluno, hoje em dia, propondo-lhe o saber através da aprendizagem, é dar-lhe a oportunidade de trilhar caminhos longe das mazelas dos cotidianos expostos em destaques negativos”. 


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