“... quando percebeu que o aparelho de ar, que refrigerava o ambiente em que estava, tinha sido levado, deixando aquela ala num clima sufocante – principalmente, pelo horário daquela tarde de verão, Adsson desesperou-se, pois calculou que o público visitante não viria até ali para ouvir as suas explicações com relação ao seu projeto científico exposto num dos estandes da parte de trás do Expocenter...”
Se a história do Projeto do Foguete Movido a Combustão de Etanol pudesse ser descrita aqui, em formato de Conto, ela começaria dessa forma.
Adsson Michael Sousa Silva Freitas (15 anos) e Ismael Carlos Pereira da Silva (17 anos), alunos da Escola Estadual Professora Maria Stella, cursando, os dois, a 3ª série do Ensino Médio, do turno matutino da referida escola, são os idealizadores de um projeto que já participou de várias Feiras de Ciências no Rio Grande do Norte e, também, na Feira de Ciências de Olinda/PE (representando o seu estado de origem) – esta considerada uma das quatro mais importantes do Brasil - e que agora irão representar, novamente, o seu estado, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia – FEBRACE – em março próximo, na cidade de São Paulo/SP.
Os alunos Adsson e Ismael (da esquerda para a direita) com a diretora Evanice
O COMEÇO DE TUDO
Ao Blog da 12ª DIRED, eles contaram que o projeto do foguete começou com uma matéria que eles tinham visto na televisão mostrando o risco que o álcool traz quando manuseado de forma indevida ou sem o devido cuidado.
Essa reportagem veio complementar uma outra, falou Adsson. Foi na aula de Química do professor Valter Bezerra, quando ele falava sobre os combustíveis dos foguetes. Era sobre a hidrazina, um combustível altamente tóxico e corrosivo que, em caso de vazamento, pode causar uma catástrofe.
Aliado a isso, disseram, a curiosidade desde meninos de ver o que tinha dentro dos objetos, desmontá-los e tentar consertá-los, algumas vezes, querendo adaptá-los para outras coisas, além do fato de gostarem muito de Física e Química, ajudou muito a adotarem essa postura observadora e investigativa.
A OPORTUNIDADE
A oportunidade para eles, de desenvolverem uma ideia, veio com a realização de uma Feira de Ciências, especialmente criada pela escola, para motivar e descobrir talentos para a área científica. Chamada de FICIMS (Feira de Iniciação Científica do Maria Stella), proporcionou a Adsson e a Ismael a chance que eles precisavam, para porem em prática a ideia de construir um foguete movido a etanol, já que esse tipo de combustão não faz parte dos combustíveis existentes na propulsão de um foguete.
O PROJETO
O projeto que construímos é sobre o sistema de alimentação do foguete e ele foi totalmente concluído em 2011. Fizemos todos os ensaios e todos os resultados corresponderam às nossas expectativas. Após o desenvolvimento que fizemos no motor, passamos para a parte de propulsão. Esse tipo de experiência se faz necessário, pois é através da repetição das experiências que observamos e verificamos o real comportamento dos equipamentos quando submetidos a condições especiais. Por isso, nós o testamos em diferentes períodos e, consequentemente, em diferentes temperaturas, disseram.
“A única maneira de observarmos o desempenho do motor do foguete é fazendo ensaios de voo. Usamos o adustível de um posto de combustíveis e que é vendido normalmente no mercado. A nossa opção pelo álcool deveu-se pelo simples fato de ele ser um combustível renovável e suas propriedades poluírem menos que os outros inflamáveis existentes no mercado”, disse Adsson.
OBJETIVO DO PROJETO
Segundo disseram ao Blog da 12ª DIRED, o objetivo é traçar metas, desenvolver, operacionalizar (se possível), organizar eventos, aperfeiçoar e melhorar cada vez mais a ideia, para criar um protótipo com propulsão a base de Etanol e de acordo com as leis da Física, da Química e da Matemática. Para isso, as modificações na aerodinâmica do foguete, com medidas mais exatas, para um voo mais rápido e mais alto e, também, os testes para a adição de um paraquedas, proporcionando uma aterrissagem suave, são planos que irão melhorar cada vez mais o projeto em si.
“Conscientizar o Brasil e fazê-lo usar o combustível etanol, como padrão de lançamento de foguetes, é um dos objetivos do nosso projeto. O etanol é renovável e, ao contrário dos combustíveis sólidos – que poluem o meio ambiente e não são renováveis –, é um produto para combustão, de motores a explosão, pioneiro no país”, disse Ismael.
São dois os professores-orientadores que acompanham o projeto dos alunos Adsson e Ismael: Valter Bezerra, da disciplina de Física e doutorando na área, e a coordenadora pedagógica, Magna Maria Benevides Gomes.
“Temos nesses dois mestres o apoio que precisamos para continuarmos com o nosso sonho de projeto científico. Do professor Valter temos o embasamento teórico e prático, e ele nos ajuda tirando as dúvidas, através de aulas-extras. A professora Magna é quem nos ajuda na parte burocrática e logística dos eventos, nos conduzindo e resolvendo a parte de viagens, traslados, hospedagem, local de estande, comportamento, inventivo e conselhos”, falou Adsson.
O PROJETO E AS PARTICIPAÇÕES EM FEIRAS
Além da FICIMS (Feira de Iniciação Científica do Maria Stella), o projeto Foguete Movido a Combustão de Etanol, também participou das Feiras de Ciências em Natal, no Rio Grande do Norte, da Feira de Ciências de Olinda, no estado de Pernambuco, da Feira de Ciências da 12ª DIRED, em Mossoró/RN e da I Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, patrocinada pelo CAPES (coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Ministério de Ciências e Tecnologia, Secretaria Nacional de Educação Básica e o Ministério da Educação, em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria de Estado da Educação e da Cultura e o Colégio Mater Christi, tendo como realizadores a UFERSA (Universidade Federal Rural do Semiárido) e a UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte).
“Com esse projeto, já participamos de três feiras de ciências, no ano de 2011, fora de nossa escola. Dentre elas, a mais cansativa foi a de Olinda, em Pernambuco. Tivemos pouco tempo para refazer o nosso projeto e, consequentemente, adaptá-lo às novas modificações. Em compensação, foi um aprendizado muito bom, pois foi lá que aprendemos que, além de mostrar o projeto, tínhamos que apresentá-lo de várias formas: fotos, relatórios, diários de bordo – onde anotávamos tudo sobre o projeto e desde que ele tinha começado a sair do papel – e a nossa surpresa maior: a quantidade de projetos vindos de todo o Brasil. Era um mundo! No final, para a nossa surpresa, na nossa categoria, o nosso projeto foi selecionado para ficar à disposição dos visitantes de todo o mundo que visitem o espaço de ciências em Olinda/PE”, comentou Adsson.
PERSPECTIVAS FUTURAS
Os alunos Adsson e Ismael disseram que sua expectativa é a de sempre melhorar seu projeto, para poderem se apresentar bem e, logicamente, ganharem o primeiro lugar. Disseram também que as Feiras provocam um nervosismo, porém buscam, na calma e no autocontrole, a confiança necessária para, por exemplo, fazerem uma boa apresentação diante dos avaliadores.
A FEIRA DE CIÊNCIAS DE SÃO PAULO - FEBRACE
Para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia de São Paulo – FEBRACE, os jovens cientistas iniciantes estão estudando o conteúdo que envolve o projeto e aplicando dicas que os avaliadores, em outras Feiras de Ciências – das quais eles participaram – deram para melhorar cada vez mais o projeto deles.
“Estamos conscientes da nossa responsabilidade de representarmos a nossa escola, a 12ª DIRED, a nossa cidade e o nosso estado, mas vamos preparados para uma boa apresentação em São Paulo”, revelou Ismael.
OS HOBBIES “NORMAIS” DOS ALUNOS
Para Adsson, ficar assistindo TV ou ir ao cinema para ver um bom filme, além de curtir muito uma boa música, são os ócios criativos que sempre gostou de fazer. “Na área de esportes, gosto de caminhar e de dar uma corridinha”, disse.
Já para Ismael, o seu lazer é estudar técnica vocal, no Pedro Ciarlini, coisa que já faz há cerca de 2 anos. Com isso, já consegue ter o domínio da técnica de tons, canto, melodia, voz, etc. “A técnica vocal me fascina em todos os seus campos”, comentou.
A PALAVRA DA DIRETORA
A diretora da Escola Estadual Maria Stella, Evanice Fernandes de Queiroz Pinheiro, disse que a escola investe na qualificação de seus alunos e procura sempre descobrir talentos entre eles. Segundo ela, é só dar oportunidade aos alunos que eles promovem algo bom. Para isso, ela não se recusa a disponibilizar o que for preciso para que eles tenham todo o apoio para desenvolverem seus projetos. Prova disso, disse ela, são as Feiras do Despertar e de Ciências que fazemos todos os anos. Especificamente, com relação à Feira de Ciências e ao projeto dos alunos Adsson e Ismael, ela disse:
“É preciso salientar a importância da participação do professor seletista e doutorando em Física, Valter Bezerra, pela contribuição no desenvolvimento do projeto. Sem ele, a parte técnica e a de conhecimentos científicos não poderiam ser implementadas. A ele, a nossa gratidão por encaminhar tão bem os nossos alunos”.
E completou:
“Como sabíamos que o professor teria que se ausentar, para terminar o seu doutorado – e, também, por não ser efetivo do quadro de servidores do estado –, nós já colocamos a professora Magna Benevides – coordenadora pedagógica –, junto ao professor Valter, para ela ir se familiarizando com as atividades e, posteriormente, assumir – como assumiu agora – o lugar de professor-orientador do projeto”.
A PROFESSORA-ORIENTADORA
Magna Maria Benevides Gomes exerce a função de Coordenadora Pedagógica e, desde a Feira de Ciências de Olinda/PE, assumiu o posto de professora-orientadora do Projeto de Pesquisa Científica “Foguete Movido a Combustão de Etanol”. Perguntada sobre como surgiu o interesse de orientar uma pesquisa científica, a professora falou que a escola em que trabalha vem participando, nos últimos três anos, de Feiras Científicas e que, pela escola fazer parte do Ensino Médio Inovador e ter desenvolvido projetos integradores, dentre eles, o projeto de iniciação científica, criando a FICIMS (Feira de Iniciação Científica do Maria Stella), ela passou a se interessar cada vez mais por essa linha de pesquisa.
“E esse tem crescido, justamente, pelo fato da escola ter nos apoiado com muito entusiasmo, atendendo às nossas necessidades e expectativas, dando todo o suporte necessário para continuarmos desenvolvendo nosso trabalho de pesquisa científica”, contou.
E concluiu:
“Quanto às expectativas que temos em relação à FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), esperamos apresentar um bom trabalho, representando nossa escola, a 12ª DIRED e a Feira de Ciências do Semiárido Potiguar e, claro, adquirir mais experiência para participarmos de outras feiras de grande porte”.
FOTOS:
Protótipo que será levado para São Paulo
Da esquerda para a direita: o aluno Adsson, a diretora Evanice, a professora-orientadora Magna e o aluno Ismael
Participação na I Feira de Ciências do Semiárido Potiguar no Expocenter - Dezembro/2011
Participação na FICIMS
Participação na Feira de Olinda - uma das quatro maiores do Brasil
“... e imediatamente procurou os responsáveis pela coordenação da Feira. Não conseguindo êxito, pois o aparelho não foi mais localizado, Adsson passou o resto da tarde apreensivo. Como havia calculado, o número de pessoas que procurou suas explicações no estande e, consequentemente, viram o seu projeto, caiu pela metade. Por isso, quando a hora do resultado se aproximou, ele aumentou, em muito, a sua ansiedade. Não conseguia ficar quieto e, por mais que tentasse se controlar, era visível a sua agonia. Sabia, porém, que tinha conseguido repassar, para os avaliadores, todos os itens necessários para uma boa apresentação do seu projeto. Entretanto, faltava comprovar isso na hora dos classificados. Por isso, quando o projeto “Foguete Movido a Combustão de Etanol” foi anunciado, em 2º lugar, Adsson não se conteve: pulou como um menino e a sua fisionomia de contentamento espelhava o orgulho e a alegria que sentia naquele momento...”
A professora Magali Delfino, diretora da 12ª DIRED, que chefiará a delegação do Projeto “Foguete Movido a Combustão de Etanol”, na FEBRACE, em São Paulo/SP, confia que a escola e a 12ª DIRED serão muito bem representadas, haja vista a sequência de premiações ganhas pelos alunos da Escola Estadual Professora Maria Stella.
2 comentários:
Fico muito feliz, lendo uma reportaem como esta a nosso respeito.Claro que é resultados de muito esforço e dedicação de nossos alunos e equipe, agradeço ao professor Raimundo carinho como descreveu os fatos.
Estou muito feliz em participar da FEBRACE em São Paulo, e agradeço aos professores, orientadores, direção da nossa escola e a 12º DIRED por nos apoiar nesse mundo de conhecimento !
Adsson Michael.
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