Neste sábado, dia
22/11, os professores dos Saberes da Terra da Serra do Mel/RN cumpriram mais
uma jornada da Especialização em Educação do Campo no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, na cidade de Pau dos Ferros/RN.
Embalados por uma manhã
que despontava preguiçosa, depois de uma noite em que a terra foi molhada por
uma chuva fina – na cidade onde eles moram –, no carro, os professores
Raimundo Antonio, Teresa Cristina, Elizângela Sales e Luzia Isabela – que levava
sua filhinha Ayane pela 2ª vez (nome de origem francesa que significa “Amável”)
– percorriam com os olhos os campos que a estrada cortava para ir em busca do
destino daqueles educadores.
Na imagem vista por
cada um, enquanto os seus moradores acabavam de acordar para mais um dia de
labuta, ainda a aridez da terra, a poeira fina da seca e o mato com suas folhas
cinza denotavam que o milagre das lágrimas do Senhor ainda não tinha passado
por aquelas bandas.
No IF de Pau dos
Ferros, como sempre, a primeira recepção é no refeitório, com o café da amanhã.
É no refeitório que as novidades são contadas...
Os professores contaram com a presença de dois novos pós-graduandos... |
A segunda recepção,
desta vez, foi feita pelo professor Felipe Morais – de Linguagens e Códigos –,
no auditório, que aproveitou o momento para declamar o poema de Ferreira Gullar
intitulado “O Açúcar”...
"O branco açúcar que adoçará meu
café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar
veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar
era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares
distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas
escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema".
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema".
Em seguida, o
professor Felipe propôs uma dinâmica voltada para a troca de aptidões. Cada
professor procurou um par. Quando formada a dupla, cada um comprava, do outro,
aquilo que mais admirava e que estava escrito numa folha de papel.
Na pauta do dia a
Economia Solidária. Novamente, o professor Felipe começou perguntando para cada
um dos participantes, o que era Economia Solidária. Todas as respostas foram
condizentes com a pergunta:
“Troca por
necessidade”
“Partilha de tudo
que for necessidade”
“É um sonho que
construímos em contrarresposta ao capitalismo”
“Uma semente para
se pensar em solidariedade”
Após as falas, o
professor Felipe exibiu um vídeo intitulado “Economia Solidária: uma outra
economia acontece”.
Assista ao vídeo
clicando na imagem...
Em seguida, o
professor Luciano Dutra usou da palavra para falar sobre:
Divisão das salas
Discussão da Economia Solidária –
tema proposto no último encontro (01/11)
Início das atividades do TCC
Próximo encontro (dia 13/11)
Município responsável pela próxima acolhida:
Cel. João Pessoa
Cadastro dos alunos na Biblioteca
Salas:
Tema:
Desenvolvimento solidário: significado e estratégia (Paul Singer)
Sala Felipe e
Abreu
Sala Márcio
Sala Luciano Dutra
Na sala Felipe e Abreu, alguns trechos dos poemas de Drummond de Andrade, foram colocados na
lousa para a reflexão paralela ao texto de Paul Singer.
“Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de
branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me” (O Pensador).
Melancolias, mercadorias espreitam-me” (O Pensador).
“Os bancos triturando suavemente o pescoço do
açúcar” (Nosso Tempo).
“ – Que século, meu Deus!, diziam os ratos. E
começavam a roer o edifício” (Edifício Esplendor).
“Sou um homem, ou pelo menos quero ser um deles” (Noite na Repartição).
Os versos
foram intermediados pelas palavras que fazem parte do vocabulário da vida no
campo, agricultura familiar e economia solidária:
Cooperação
Autogestão
Dimensão econômica
Solidariedade
Etno desenvolvimento
Economia feminista
Agroecologia
Hora do almoço...
Na volta, às
13 horas, os professores voltaram para as suas devidas salas e, lá, foram
convocados para apresentarem uma proposta baseada na economia solidária
partindo do pressuposto que a economia solidária prioriza a saúde de seus
participantes e é solidária com o meio ambiente. A proposta sugeria refletir
sobre o processo produtivo de forma emancipatória.
A sala Felipe e Abreu se preparando para apresentar |
Os Grupos
da Sala Felipe e Abreu
Serra do
Mel
Os professores da Serra do Mel... |
antes de suas apresentações fizeram uma dinâmica com todos os outros grupos |
Apresentando... |
Martins
Caraúbas
Janduís
Felipe
Guerra
Almino
Afonso
Das
propostas apresentadas, algumas sugestões foram anotadas, porém ficou claro que
o maior entrave, para que as coisas voltadas para a agricultura familiar e uma
economia solidária acabem por se solidificar nas comunidades assistidas pelo
programa Saberes da Terra é a falta de interesse por parte da política.
Algumas
propostas...
Feiras agroecológica
Criação de grupos para a extração da
palha de carnaúba
Assistência técnica
Fortalecimento das unidades
produtivas
Implantação das unidades de
beneficiamentos
Resgate dos programas de compras
governamentais – PAA
Implantação de cooperativas de
produção/comercialização e serviços – ATP
Reeducação solidária
Formar feiras livres nas próprias
comunidades
Lanche...
No último
momento, os professores orientadores falaram sobre o TCC – Trabalho Conclusão
de Curso – mostrando quais os requisitos para técnicos e graduados:
Para técnicos: memorial
Para graduados: memorial e trabalho
acadêmico
Cada
professor recebeu uma folha denominada “Projeto de Pesquisa”, onde, em cada
item, está inserido o que deve ser feito:
Tema
Questão de pesquisa
Objetivos (geral e específicos)
Justificativa
Referencial teórico
Metodologia
Resumo informativo
Na saída,
levando para as suas comunidades os sonhos que um dia poderão se tornar
realidade, cada professor agradecia por mais um dia de profícuos debates e
absorção de variados conhecimentos ligados a terra.
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