domingo, 6 de julho de 2014

5ª AULA DA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO – IFRN 05/07/14




A distância entre Mossoró/RN e Pau dos Ferros/RN é significativa. Por isso, cabe aos professores que ministram aula no município de Serra do Mel/RN saírem um pouco mais cedo, para conseguirem chegar no horário combinado da primeira aula, em Especialização em Educação do Campo, sem precisarem “correr” e, com isso, perderem de ver o espetáculo do seu trajeto, que se apresenta para os passantes como uma obra prima da natureza. São paisagens que, agora, depois das chuvas, apresentam-se verdejantes, viçosas, plenas, como a convidar os visitantes para verem bem de perto o milagre da vida.


Já no IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte) de Pau dos Ferros, todos os professores são recebidos, pela coordenação, com um café da manhã, para, em seguida, no auditório da entidade, serem acolhidos por uma das turmas participantes da Especialização.


Desta vez, a acolhida ficou por conta dos professores dos Saberes da Terra – ProJovem Campo – de Portalegre/RN, que expuseram, através de slides, a história da cidade.



Clique na palavra "Portalegre" abaixo e conheça essa bela cidade do oeste potiguar...



No final da apresentação, um momento de literatura de cordel: o município foi cantado em versos pelos professores que, acompanhados pelo padre/professor Denis, contaram a sua história. 


Após a acolhida, a coordenadora Amélia Cristina Reis apresentou a avaliação sobre o I Seminário de Educação do Campo – Saberes da Terra – que teve como tema “Política, Cultura e Diversidade na Educação do Campo”, acontecido no Hotel Pirâmides (Natal/RN), nos dias 23 e 24/05/14.


Depois, os professores foram encaminhados para as suas respectivas salas (formadas a partir dos municípios onde eles ministram aulas) e, lá, foi trabalhado, primeiramente, um texto de José Calixto Kahil Cohon, intitulado “Ensaio sobre Educação, Tempo Livre e Trabalho”.



Sala do professor Felipe Morais - Língua Portuguesa
O texto, em seu resumo, mostra que “trata-se de refletir sobre as relações entre educação, tempo livre e trabalho no interior da sociedade contemporânea. A educação hoje em dia é pensada diretamente para o mercado de trabalho, neste sentido é preciso denunciar a industrialização da educação e analisá-la criticamente. Com a educação voltada ao trabalho, sua relação com seu oposto, o tempo livre, torna-se imanente. Reivindicar criticamente a educação em todos os âmbitos da vida é o objetivo deste texto”.


Sala do professor Edson Filho - Matemática
Os debates que se sucederam após a leitura da primeira parte do texto foram profícuos para melhor se entender o porquê de a educação haver se tornado, de certa forma, homogênea sem privilegiar a diversidade existente dentro de uma sala de aula e por que ela está a serviço do capital e de como nós, educadores, somos parte integrante desse processo participando desse sistema sem nos darmos conta, criticamente, de suas mazelas para a educação. As interações foram acaloradas, porém voltadas para uma análise que permitisse trazer o texto para a realidade vivenciada por aqueles professores e, através disso, partir para as digressões mais amplas do texto.


Sala do professor Luciano Dutra - Geografia
Através de slides, o professor Luciano Dutra (IFRN – Geografia – sala 03) mostrou e pôs para o debate, os seguintes contextos: 

1 – A lógica do capital para a educação: 

• A industrialização chega à educação 
• O diploma como moeda de troca 
• Ao processo de pensar em valor 

2 – A crença absoluta na objetividade 

• A tentativa de encaixe das ciências humanas 
• A busca incessante pelo progresso 
• A racionalidade instrumental e quantidade 

3 – O esquecimento do passado – negação da história 

• A morte da criação 
• A negação da utopia 
• O individualismo e a autoajuda 

4 – Em busca do tempo livre 

• A relação etimológica ócio/tempo livre x negócio /trabalho 
• O hobby 
• O tédio 
• A emancipação – o desvelamento das ideologias dominantes 

Algumas frases, ditas pelos participantes, tiveram impacto nas discussões. Dentre elas... 

• A questão de gestão influencia 
• A educação industrializada forma profissionais para o mercado de trabalho, contudo os deixa incompletos em sua formação como cidadãos plenos 
• Todas as vezes que deixamos de priorizar o que é nosso estamos atendendo e contribuindo para o interesse do capital e a sua industrialização na educação 
• Tudo isso é fruto de uma educação conservadora e não emancipatória 
• A importância da formação de professores para o atendimento de uma escola volta para o pensar 

Ao término do turno matutino, os professores foram liberados para o almoço com volta prevista para as 13h30min.


No turno vespertino, os professores se dirigiram para o auditório, onde assistiram a um vídeo/documentário mostrando uma ação bem sucedida da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) do Piaui/PI. 

Assista ao vídeo, clicando na imagem abaixo... 


Logo após o vídeo, a coordenadora Fátima Oliveira e o professor Edson Filho (IFRN – Matemática) exibiram um vídeo falando sobre sistema de produção e fizeram uma rápida explanação sobre o assunto.



Em seguida, o professor Luciano Dutra conjuntamente com os professores Felipe Morais e Edson Filho mais a coordenadora Fátima Oliveira passaram para a atividade do Seminário local a ser realizado no próximo encontro (09/08), cujo tema será “Sistema de Produção”, apresentado através de um fluxograma com textos e intercalado com fotos de cada etapa do processo.


Após um rápido lanche, os professores foram liberados para retornarem aos seus municípios...


Na volta, os professores da Serra do Mel, enquanto o carro rompia o vento do final de tarde, refletiam sobre o futuro da educação do campo e seus personagens heroicos. Cada um deles olhava a paisagem e admirava os seus contornos e relevos se perguntando por que o homem sempre deixa para fazer o que é certo – para determinadas camadas de sua existência – só depois que exaure a riqueza de seu local.


A mãe natureza, como a abençoar a volta daqueles que ainda lutam por uma sociedade mais justa e igualitária, premiou-os com o seu astro-rei se despedindo para ir banhar o outro lado do mundo...





Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela bela cobertura. Abraços Ângela R Gurgel