quarta-feira, 23 de julho de 2014

DIÁRIO DE UMA “IMMERSIONER”: O ENGLISH IMMERSION PROGRAM

Elise Mitra Fernandes de Mendonça, aluna da Escola Estadual Aída Ramalho Cortez Pereira, participou, de 29 de junho a 04 de julho de 2014 em Belém/PA, do English Immersion Program, que é um programa de imersão na cultura norte-americana, bem como na língua. É direcionado aos participantes que foram finalistas do programa Jovens Embaixadores, tendo em vista uma oportunidade de conhecimento para os alunos da rede pública do Brasil que se destacam dos demais por seus trabalhos voluntários e seu inglês acima da média.


O blog lançou um desafio à aluna Elise Mitra: que ela contasse, como num diário, os passos que ela deu – da preparação à  ida e a lição que ela tira da experiência vivida. Abaixo, na íntegra, o relato dela...

- Preparação:

Imagina uma jovem de 16 anos recebendo a noticia de que foi selecionada para fazer uma imersão na cultura norte-americana, com tudo pago, além da companhia de 57 jovens do Norte e Nordeste do país... Bom, assim foi para mim. Tudo parecia um sonho que se tornava realidade. Todo o conhecimento que eu buscava durante a seleção em um só lugar. Uma oportunidade que eu nunca sequer sonharia em ter, com minhas condições financeiras e estando na rede publica de ensino. Não só uma semana, mas 5 meses de pura realização, de reconhecer que o meu esforço valeu a pena e que aquilo era mais um degrau de muitos que eu poderia subir se me dedicasse.


5 de fevereiro de 2014: essa data nunca mais será a mesma... Finalmente sei quem estará durante esse programa, quem será “Immersioner” assim como eu. Aqueles questionamentos: “quem são eles?” e “de onde eles vieram?” já não eram mais barreiras... Éramos um só, já éramos uma família - a EIP Family- Belém/PA. A essa altura já havia um grupo oficial da embaixada para nos orientar sobre como proceder durante toda a preparação bem como no programa - 141 dias nos separavam da grande experiência de imersão em outra cultura bem como em outra língua...


Neste momento, senti que havia a necessidade de uma aproximação maior entre os participantes, pois não éramos mais jovens avulsos. Então resolvi fazer um grupo para os jovens que se encaminhariam para a imersão em Belém, para que nos aproximássemos mais e fizéssemos uma identidade. E não demorou muito e já estávamos pensando em mascotes, músicas para cantar nos ônibus, amigos ocultos e por ai vai... Fomos criando vínculos e mais vínculos, chats pelo Facebook, grupos no Whatsapp, chamadas via Skype e Hangout - a tecnologia estava a nosso favor. As amizades começaram a amadurecer e quanto mais o tempo passava mais conhecíamos não somente sobre as pessoas e seus sonhos, mas sobre cada estado deste grande Brasil. A imersão não estava sendo somente naquela semana, mas, sim, 5 meses antes e o conhecimento não era somente sobre os Estados Unidos da América, mas também uma imersão na cultura espalhada pelos estados que compõem o Brasil.

“Dear participants of the English Immersion Program 2014, Greeting from Belém, PA!” - 8 de maio de 2014: depois de mandar todos os documentos necessários, era hora de conhecer a terra que nos acolheria para essa imersão e saber com quem dividiríamos não só nossos quartos, mas nossas experiências, além de finalmente receber o nosso cronograma de atividades durante a semana. A cada linha do e-mail, novas expectativas e a ansiedade só aumentava... O sentimento de “somos um só” só crescia, e a cada música que partilhávamos no grupo, isso ia se tornando concreto como em uma das primeiras que falava “just know you’re not alone, cause I’m going to make this place your home”. Foi quando, em meio a tantas amizades e tantas músicas, eu e a minha colega Raquel Conceição – BA, tivemos a ideia de fazer um flash mob e não demorou muito até a Luísa saber disso e, com isso, aos poucos, nossa ideia ia tomando forma e a música escolhida foi Happy - Pharrell Williams, que é uma música que retratava bem nossa felicidade por todo aquele novo que estava se apresentando em nossas vidas.

E entre conversa vai, conversa vem, chega a hora de estruturar nosso Secret  Friend e, é claro, pensar em lembrancinhas para deixar com cada um, um pedacinho de si e de nosso estado. Depois de quase enlouquecer com tantos nomes e e-mails diferentes, consegui fazer o sorteio - ou melhor, o segundo sorteio - (O countdown continuava... estávamos a 41 dias da nossa grande experiência) e os dias foram se passando e a correria aumentando... “Meu Deus, o que preciso levar?”, “Como vai ser tudo isso?”, “O que levar para eles?”, “Meu inglês é bom o bastante?” Dúvidas e mais dúvidas que, com o tempo, desapareceram. Isso porque nós tivemos um apoio sensacional da nossa IP, por meio da Vera Reis, que estava acompanhando cada e-mail e aguentando minhas inúmeras ligações com a maior paciência do mundo. Como também do pessoal do CCBEU e do EducationUSA.


Por fim, os dias se passaram até que chegou o dia de ir para Natal - 26 de junho de 2014. Lembranças prontas, malas prontas, violão nas costas e muitos sonhos na bagagem. No dia 27 dejunho de 2014, eu, o Álex e o Igor resolvemos nos encontrar para organizar a questão de horários, check in, malas... 

Reunimos-nos, conversamos um pouco e acabamos nos conhecendo um pouco mais - melhor do que o simples contato no dia da prova do YA 2014. Agora era só uma questão de tempo: mais um dia e estaríamos começando a nossa imersão.

Para mim o EIP mais que uma simples semana de aprendizagem de outra língua e cultura foi também um grande divisor de águas. A Elise, que subiu naquele avião às 05h45min do dia 29 de junho de 2014, não se comparava à Elise que voltou de Belém depois da imersão. A sensação de que as distâncias geográficas não são mais barreiras e de que, se nós nos esforçarmos, nós conseguiremos deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos agora faz parte do meu dia a dia.

-Experiência:

Uma das mais fantásticas experiências da minha vida: minha primeira viagem de avião, minha primeira conexão, minha primeira ida ao Norte do País, minha primeira imersão em outra língua e cultura, como também, minha primeira semana com 57 jovens de lugares tão diferentes, mas que partilharam da mesma experiência como irmãos.

E é como diz o ditado “a primeira vez a gente nunca esquece”. De certo nunca esquecerei o EIP 2014. Ele me fez ver o mundo de uma forma diferente, as pessoas de forma diferente e até mesmo de me ver de forma diferente. Ver em mim potencial para alcançar meus objetivos e, de certa forma, esse era o impulso que eu precisava para conseguir forças suficientes para seguir nessa highway que é a vida.


Ser uma boa profissional sempre foi uma meta, mas a cada dia que ia se passando, daquela semana, os sentimentos “I can and I go” iam crescendo dentro de mim. Uma descoberta gradativa do “o que eu quero ser quando crescer?” e nunca a resposta “quero ser grande!” tinha feito tanto sentido. Não importa em que área você vá atuar, se isso lhe faz feliz e se você quer isso, é isso que você vai ser e é dessa forma que você vai contribuir para um mundo melhor.


- “Voluteer Work” - desde meus 6 anos de idade que faço trabalho voluntário. Comecei na pastoral da criança, aqui em Mossoró mesmo. E sempre tive essa vontade inquietante de fazer o melhor possível, de fazer a diferença na vida das pessoas e de deixar pelo menos um sorriso ou uma palavra que as confortasse.

O nosso trabalho voluntário, durante o EIP 2014 – Belém/PA, foi na casa Ronald McDonald’s, que é uma casa de apoio e abrigo a crianças com câncer. O que mais me encanta nessa questão de trabalho voluntário é que nós sempre chegamos com o pensamento de ensinar as pessoas, de dá conforto, de formá-las e, no final, nós é que fomos formados, confortados e assistidos por elas.

Estar em contato com a dor daquelas pessoas me faz pensar: “Meu Deus, quem sou eu para estar aqui? Como eu posso ajudar?” E, no final, é esse pensamento que nos leva a buscar formas de solucionar os problemas daquelas pessoas, é a nossa sensibilidade à dor das pessoas que nos torna um bom voluntário. É saber que nada somos, mas que, em nosso nada, queremos ajudar, não por méritos, mas pelo simples sentimento de “eu dei o meu melhor, eu deixei o meu melhor”... 

Na ocasião nós conhecemos as instalações, os projetos, as crianças e fizemos nosso flash mob com elas... Conheci um menininho chamado Pedro. Ele tem câncer e tinha voltado da quimioterapia no mesmo dia (sabemos que a quimioterapia é um tratamento brutal ao corpo humano e que, no caso das crianças, quando voltam do tratamento, estão sem disposição para muita coisa, mas que com um pouco de descanso isso se vai e a alegria toma de conta novamente). Encontrei o Pedro sentadinho, sem forças para muita coisa, coloquei-o no braço e levei-o para junto das outras crianças, O Pedro não conseguia reagir a muita coisa no começo, não conseguia falar nem se mexer direito, mas mesmo assim não hesitei em conversar com ele e partilhar o quanto eu estava feliz por poder brincar com ele naquele dia. Houve o flash mob e, ao final do flash mob, o Pedro me surpreendeu descendo dos meus braços para brincar com as crianças. Deixei de presente, com ele, uma fitinha que todos os Immersioners estavam usando e que tinha escrito “Let’s cheers together!”. Numa tradução: “Juntos numa só torcida”. 


E realmente naquele momento estávamos unidos àquelas crianças que lutavam contra o câncer e víamos que juntos somos mais fortes, juntos podemos mais. A essência do trabalho voluntário é o amor, é fazer o bem sem ver a quem e, naquele dia, eu provei verdadeiramente do que é na dor trabalhar com/por amor.

O English Immersion Program, além de me proporcionar experiências com pessoas incríveis, me deu também a oportunidade de expandir meus horizontes, melhorar o meu inglês, conhecer mais sobre a cultura norte-americana (na prática), como a celebração do 4th of July, os jogos de baseball e do futebol americano; com o nosso Fun Day onde houve karaokê, American Barbecue, Pool Party, Slack Line, Soccer, Secret Friend... Mais do que isso, o English Immersion Program me preparou para a vida, me ensinou desde como fazer um check-in online e me organizar, como também valores sociais, humanos e acadêmicos (por exemplo: definir a área que vou atuar profissionalmente e o que fazer para alcançar minha meta); conhecimentos tais que levarei para toda a vida.


Por fim, minha gratidão a Deus pelo novo que apresentou em minha vida neste tempo de aprendizado;, à Embaixada Norte-Americana pelo projeto fantástico de interculturalidade com o Brasil; e à Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, na pessoa de Vera Reis, pelo apoio, o carinho e incentivo recebido durante todo o processo de desenvolvimento e aplicação do programa.

Elise Mitra Fernandes de Mendonça
Immersioner 2014 – Rio Grande do Norte.



NOTA DA 12ª DIRED:

Clique no vídeo abaixo e assista...



Fotos: Elise Mitra

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