Elise Mitra Fernandes de Mendonça, aluna da Escola
Estadual Aída Ramalho Cortez Pereira, participou, de 29 de junho a 04 de
julho de 2014 em Belém/PA, do English Immersion Program, que é um
programa de imersão na cultura norte-americana, bem como na língua. É
direcionado aos participantes que foram finalistas do programa Jovens
Embaixadores, tendo em vista uma oportunidade de conhecimento para os alunos da
rede pública do Brasil que se destacam dos demais por seus trabalhos
voluntários e seu inglês acima da média.
O blog lançou um desafio à aluna Elise Mitra: que ela
contasse, como num diário, os passos que ela deu – da preparação à ida e a
lição que ela tira da experiência vivida. Abaixo, na íntegra, o relato dela...
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Preparação:
Imagina uma jovem de 16 anos recebendo a noticia de que foi selecionada para fazer uma imersão na cultura norte-americana, com tudo pago, além da companhia de 57 jovens do Norte e Nordeste do país... Bom, assim foi para mim. Tudo parecia um sonho que se tornava realidade. Todo o conhecimento que eu buscava durante a seleção em um só lugar. Uma oportunidade que eu nunca sequer sonharia em ter, com minhas condições financeiras e estando na rede publica de ensino. Não só uma semana, mas 5 meses de pura realização, de reconhecer que o meu esforço valeu a pena e que aquilo era mais um degrau de muitos que eu poderia subir se me dedicasse.
5 de fevereiro de 2014:
essa data nunca mais será a mesma... Finalmente sei quem estará durante esse
programa, quem será “Immersioner” assim como eu. Aqueles questionamentos: “quem
são eles?” e “de onde eles vieram?” já não eram mais barreiras... Éramos um só,
já éramos uma família - a EIP Family- Belém/PA. A essa altura já havia um grupo
oficial da embaixada para nos orientar sobre como proceder durante toda a
preparação bem como no programa - 141 dias nos separavam da grande experiência
de imersão em outra cultura bem como em outra língua...
Neste momento, senti que
havia a necessidade de uma aproximação maior entre os participantes, pois não éramos
mais jovens avulsos. Então resolvi fazer um grupo para os jovens que se
encaminhariam para a imersão em Belém, para que nos aproximássemos mais e
fizéssemos uma identidade. E não demorou muito e já estávamos pensando em mascotes,
músicas para cantar nos ônibus, amigos ocultos e por ai vai... Fomos criando
vínculos e mais vínculos, chats pelo Facebook, grupos no Whatsapp, chamadas via
Skype e Hangout - a tecnologia estava a nosso favor. As amizades começaram a
amadurecer e quanto mais o tempo passava mais conhecíamos não somente sobre as
pessoas e seus sonhos, mas sobre cada estado deste grande Brasil. A imersão não
estava sendo somente naquela semana, mas, sim, 5 meses antes e o conhecimento
não era somente sobre os Estados Unidos da América, mas também uma imersão na
cultura espalhada pelos estados que compõem o Brasil.
“Dear participants of
the English Immersion Program 2014, Greeting from Belém, PA!” - 8 de maio de
2014: depois de mandar todos os documentos necessários, era hora de conhecer a
terra que nos acolheria para essa imersão e saber com quem dividiríamos não só nossos
quartos, mas nossas experiências, além de finalmente receber o nosso cronograma
de atividades durante a semana. A cada linha do e-mail, novas expectativas e a
ansiedade só aumentava... O sentimento de “somos um só” só crescia, e a cada música
que partilhávamos no grupo, isso ia se tornando concreto como em uma das
primeiras que falava “just know you’re not alone, cause I’m going to make this
place your home”. Foi quando, em meio a tantas amizades e tantas músicas, eu e
a minha colega Raquel Conceição – BA, tivemos a ideia de fazer um flash mob e
não demorou muito até a Luísa saber disso e, com isso, aos poucos, nossa ideia
ia tomando forma e a música escolhida foi Happy - Pharrell Williams, que é uma
música que retratava bem nossa felicidade por todo aquele novo que estava se
apresentando em nossas vidas.
E entre conversa vai, conversa vem, chega a hora de estruturar nosso Secret
Friend e, é claro, pensar em lembrancinhas para deixar com cada um, um
pedacinho de si e de nosso estado. Depois de quase enlouquecer com tantos nomes
e e-mails diferentes, consegui fazer o sorteio - ou melhor, o segundo sorteio - (O
countdown continuava... estávamos a 41 dias da nossa grande experiência) e os
dias foram se passando e a correria aumentando... “Meu Deus, o que preciso levar?”,
“Como vai ser tudo isso?”, “O que levar para eles?”, “Meu inglês é bom o
bastante?” Dúvidas e mais dúvidas que, com o tempo, desapareceram. Isso
porque nós tivemos um apoio sensacional da nossa IP, por meio da Vera Reis, que
estava acompanhando cada e-mail e aguentando minhas inúmeras ligações com a
maior paciência do mundo. Como também do pessoal do CCBEU e do EducationUSA.
Por fim, os dias se
passaram até que chegou o dia de ir para Natal - 26 de junho de 2014. Lembranças
prontas, malas prontas, violão nas costas e muitos sonhos na bagagem. No dia 27
dejunho de 2014, eu, o Álex e o Igor resolvemos nos encontrar para organizar a
questão de horários, check in, malas...
Reunimos-nos, conversamos um pouco e acabamos nos conhecendo um pouco mais - melhor do que o simples contato no dia da prova do YA 2014. Agora era só uma questão de tempo: mais um dia e estaríamos começando a nossa imersão.
Para mim o EIP mais que uma simples semana de aprendizagem de outra língua e
cultura foi também um grande divisor de águas. A Elise, que subiu naquele avião
às 05h45min do dia 29 de junho de 2014, não se comparava à Elise que voltou de
Belém depois da imersão. A sensação de
que as distâncias geográficas não são mais barreiras e de que, se nós nos
esforçarmos, nós conseguiremos deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos
agora faz parte do meu dia a dia.
-Experiência:
Uma das mais fantásticas
experiências da minha vida: minha primeira viagem de avião, minha primeira
conexão, minha primeira ida ao Norte do País, minha primeira imersão em outra
língua e cultura, como também, minha primeira semana com 57 jovens de lugares
tão diferentes, mas que partilharam da mesma experiência como irmãos.
E é como diz o ditado
“a primeira vez a gente nunca esquece”. De certo nunca esquecerei o EIP 2014. Ele me fez ver o mundo de uma forma diferente, as pessoas de forma diferente e
até mesmo de me ver de forma diferente. Ver em mim potencial para alcançar meus
objetivos e, de certa forma, esse era o impulso que eu precisava para conseguir
forças suficientes para seguir nessa highway que é a vida.
Ser uma boa
profissional sempre foi uma meta, mas a cada dia que ia se passando, daquela
semana, os sentimentos “I can and I go” iam crescendo dentro de mim. Uma
descoberta gradativa do “o que eu quero ser quando crescer?” e nunca a resposta
“quero ser grande!” tinha feito tanto sentido. Não importa em que área você vá
atuar, se isso lhe faz feliz e se você quer isso, é isso que você vai ser e é
dessa forma que você vai contribuir para um mundo melhor.
- “Voluteer Work” - desde
meus 6 anos de idade que faço trabalho voluntário. Comecei na pastoral da
criança, aqui em Mossoró mesmo. E sempre tive essa vontade inquietante de fazer
o melhor possível, de fazer a diferença na vida das pessoas e de deixar pelo
menos um sorriso ou uma palavra que as confortasse.
O nosso trabalho
voluntário, durante o EIP 2014 – Belém/PA, foi na casa Ronald McDonald’s, que é
uma casa de apoio e abrigo a crianças com câncer. O que mais me encanta nessa
questão de trabalho voluntário é que nós sempre chegamos com o pensamento de
ensinar as pessoas, de dá conforto, de formá-las e, no final, nós é que fomos
formados, confortados e assistidos por elas.
Estar em contato com a
dor daquelas pessoas me faz pensar: “Meu Deus, quem sou eu para estar aqui? Como
eu posso ajudar?” E, no final, é esse pensamento que nos leva a buscar formas
de solucionar os problemas daquelas pessoas, é a nossa sensibilidade à dor das
pessoas que nos torna um bom voluntário. É saber que nada somos, mas que, em
nosso nada, queremos ajudar, não por méritos, mas pelo simples sentimento de
“eu dei o meu melhor, eu deixei o meu melhor”...
Na ocasião nós conhecemos as
instalações, os projetos, as crianças e fizemos nosso flash mob com elas... Conheci
um menininho chamado Pedro. Ele tem câncer e tinha voltado da quimioterapia no
mesmo dia (sabemos que a quimioterapia é um tratamento brutal ao corpo humano e
que, no caso das crianças, quando voltam do tratamento, estão sem disposição
para muita coisa, mas que com um pouco de descanso isso se vai e a alegria toma
de conta novamente). Encontrei o Pedro sentadinho, sem forças para muita coisa,
coloquei-o no braço e levei-o para junto das outras crianças, O Pedro não
conseguia reagir a muita coisa no começo, não conseguia falar nem se mexer direito,
mas mesmo assim não hesitei em conversar com ele e partilhar o quanto eu estava
feliz por poder brincar com ele naquele dia. Houve o flash mob e, ao final do flash
mob, o Pedro me surpreendeu descendo dos meus braços para brincar com as
crianças. Deixei de presente, com ele, uma fitinha que todos os Immersioners
estavam usando e que tinha escrito “Let’s cheers together!”. Numa tradução: “Juntos
numa só torcida”.
E realmente naquele momento estávamos unidos àquelas crianças
que lutavam contra o câncer e víamos que juntos somos mais fortes, juntos
podemos mais. A essência do trabalho voluntário é o amor, é fazer o bem sem
ver a quem e, naquele dia, eu provei verdadeiramente do que é na dor trabalhar
com/por amor.
O English Immersion
Program, além de me proporcionar experiências com pessoas incríveis, me deu
também a oportunidade de expandir meus horizontes, melhorar o meu inglês,
conhecer mais sobre a cultura norte-americana (na prática), como a celebração
do 4th of July, os jogos de baseball e do futebol americano; com o nosso Fun
Day onde houve karaokê, American Barbecue, Pool Party, Slack Line, Soccer,
Secret Friend... Mais do que isso, o English Immersion Program me preparou
para a vida, me ensinou desde como fazer um check-in online e me organizar,
como também valores sociais, humanos e acadêmicos (por exemplo: definir a área
que vou atuar profissionalmente e o que fazer para alcançar minha meta); conhecimentos
tais que levarei para toda a vida.
Por fim, minha gratidão
a Deus pelo novo que apresentou em minha vida neste tempo de aprendizado;, à Embaixada Norte-Americana pelo projeto fantástico de interculturalidade com o
Brasil; e à Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, na pessoa
de Vera Reis, pelo apoio, o carinho e incentivo recebido durante todo o
processo de desenvolvimento e aplicação do programa.
Elise Mitra Fernandes de Mendonça
NOTA DA 12ª DIRED:
Clique no vídeo abaixo e assista...
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Fotos: Elise Mitra
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