sábado, 20 de abril de 2013

EDUCAÇÃO DO CAMPO – SABERES DA TERRA – AULAS: 19 e 20/04/13

A seca que castiga e traz o desconsolo ao homem do campo – que olha com fé para os céus, tira o seu chapéu e pede, mais uma vez, a chuva abençoada que faz aliviar o seu sofrimento – tem mudado a paisagem do semiárido do município de Serra do Mel/RN. Dos seus campos verdes de pés de cajus, que ladeiam as estradas que levam até a Vila Rio Grande do Norte, o cinza já tomou conta de suas verdadeiras cores. O colono que produzia o seu sustento, tirado da safra da castanha, vê agora apenas de memória, os áureos tempos – de invernada, bonança e as safras recordes – de seu bem maior. Os poucos bichos domesticados, que são criados, padecem – muitos sucumbem diante da falta do pasto e da água – e definham diante das lágrimas de seus donos, que nada podem fazer para aliviar os seus sofrimentos. Os mugidos se tornam, nas noites quentes, de céus estrelados, sem prenúncios de nuvens amojadas, lamentos e desesperos que são orações, em bramidos daqueles que só têm como defesa o canto piedoso de seus berros. 

Poucas chuvas molharam esse chão de dois mil e dez para cá. Os pés de cajus, que dão estes pseudofrutos e a castanha – riqueza natural e frutífera da região  cuja safra era, outrora, exportada em dezenas de milhares de toneladas, hoje apenas produzem uma dezena delas, que são embarcadas para os destinos de antigamente. 

Ontem, dia 19/04, os céus se iluminaram e se mostraram férteis para parir. As nuvens carregadas com o precioso líquido, que é tão essencial para a vida na Terra, entraram em trabalho de parto e não demoraram a dar à luz a trilhões de pequenas gotinhas, cada uma delas, trazendo hidrogênio e oxigênio, essenciais para qualquer tipo de vida no planeta em que vivemos. 

A terra árida, dura que nem concreto de uma edificação, foi aos poucos sendo acariciada e se deixando penetrar pela sua bebida predileta. De suas entranhas, quando as poças começaram a ser formadas, brotou o milagre da vida: os anfíbios voltaram à superfície e começaram a buscar o novo ciclo da existência nos pequenos e barrentos laguinhos. As mariposas, os besouros e as saracás (“saraças”) correram a namorar o brilho das luzes e o calor que emana delas. O calor sufocante, só amenizado por artifícios criados pelo homem, deu passagem ao esfriamento natural da temperatura. As telhas, guardiãs devotadas do que existe entre o chão e os céus – e, com isso, protegendo o homem das intempéries da natureza –, receberam, candidamente, a resposta das preces – em forma de pluviosidade –, enviadas a Deus. Aqueles que se guardam abaixo delas, agradecem. Ela, a cerâmica, deixa passar, com alegria, não o tórrido calor dos dias de sol escaldante, mas a agradável brisa de uma atmosfera acolhedora, amena, benfazeja. 

As árvores, lavadas pelas lágrimas do Criador, recuperam o seu brilho e estampam, orgulhosas, o verde tradicional de suas cores primeiras. O chão, onde elas se encontram, encharca-se de folhas e galhos que, ressecados pelo longo tempo de estiagem, não suportaram esperar pelo atendimento às graças pedidas e se despediram da vida, para darem lugar às suas irmãs mais novas. Mesmo debaixo das pesadas gotas d’água, os pássaros voam, cruzam, de um lado para o outro – alguns em busca de um abrigo; outros apenas cruzam, sem destino, talvez louvando o momento, com seu trinado contente e cativante –, levando a boa nova, o convite para a festa da futura colheita. 

Deus é bom. O Pai não desampara os seus filhos. Ao homem, ele perdoa seus atos e blasfêmias e aos que, sem nenhuma compreensão, ignoram Suas Leis, Ele aplica um corretivo como advertência para que possam refletir sobre como preservar, cuidar e conviver com a natureza – que lhes dá, de graça, o sustento e o abrigo – assim como fazem os outros animais. 

A Serra está, pois, em festa. Seu povo agora está mais feliz. Sabe que, com a volta das chuvas, a mesa fica mais farta, os menores recuperam suas energias e brincam felizes, os bichos bebem e encontram, no chão, a relva que precisam para matar sua fome. Como se diz: Deus provê, Deus proverá e jamais abandona os seus filhos  (Reflexão).



As aulas dos dias 19 e 20/04/13, na Serra do Mel/RN, tiveram dois momentos distintos, porém não menos importantes diante da conjuntura que se apresenta. O primeiro momento foi a ida da vice-diretora da 12ª DIRED Helena Maia – coordenadora da Educação do Campo – para a Serra do Mel, na sexta-feira, dia 19/04. Depois de uma rápida reunião, às 8 h, a vice-diretora se encaminhou, juntamente com os professores Raimundo Antonio, Antonia Farias, Tereza Cristina, Luzia Isabela e Elizângela Sales, todos guiados pelo competente Ramalho e sua Doblô, para uma visita às vilas que compõem o município e fazer um novo recadastramento dos alunos do programa ProJovem Campo – Saberes da Terra – e, com isso, substituir os alunos que já não fazem parte do programa (por diversos motivos – transferência de domicílio, opção por outra modalidade de ensino, desistência espontânea ou causada por problemas de saúde ou gravidez, etc.). 


Da esquerda para a direita: professoras Teresa Cristina, Antonia Farias, Elizângela Sales, Luzia Isabela e a vice-diretora e coordenadora da Educação do Campo Helena Maia
A visita, segundo o ponto de vista da vice-diretora, foi muito profícua. Além da visita às vilas, a coordenadora também visitou a Secretária de Educação do município, que se prontificou a divulgar o programa e arrebanhar mais colonos para fazer parte das turmas  Caju e Castanha e Flor do Cajueiro.

Saída da Vila RN para visitar outras vilas da Serra do Mel
As aulas começaram no período vespertino. Como não houve a presença da totalidade dos alunos, os professores levaram os alunos, mais uma vez, para a sala de informática da Escola Estadual Padre José de Anchieta. Lá, os alunos tiveram, no período da tarde, aulas de: História, Arte, Português e Matemática.


Foram trabalhadas, em cima do exercício de Arte, as figuras geométricas (encontradas a partir dos desenhos) e da disciplina de História, a inserção de um ditado de palavras (disciplina de Português), para, em seguida, utilizá-las na formação de frases.


À noite, com um grupo maior, foram retomados os trabalhos da tarde e acrescentadas a leitura e interpretação da música de Genildo Costa. 

NOTA DA 12ª DIRED:

O segundo momento foram as abençoadas chuvas que caíram sobre a Serra do Mel lavando, com força, a aridez do seu solo e trazendo a alegria aos seus colonos.   

Conforme solicitação dos alunos, haverá a mudança dos dias de aula (eles chegaram à conclusão de que as aulas aos sábados são, invariavelmente, prejudicadas por fatores extras – falta de água, falta de ônibus, etc.), ficando para a próxima sexta-feira, dia 03/05, a divulgação, na Serra, dos dias e horários dos mesmos. 

Os novos dias e horários serão definidos na sexta-feira (03/05) pela manhã, na 12ª DIRED, com a vice-diretora e coordenadora Helena Maia e os professores da Educação do Campo. 

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