quinta-feira, 17 de maio de 2012

RN ALFABETIZADO: UM PROGRAMA QUE MUDA HORIZONTES

A mais nova tem apenas 29 aninhos. Ainda está na flor da idade e se esforça para acompanhar as mais experientes de todas elas. Idade? 78 anos.
São quinze no total. E o que elas fazem? Estudam. Sim, isso mesmo! Essas jovens senhoras, todas as tardes se encontram na Fundação Casa do Caminho, um lugar quase já no final do último bairro da cidade de Mossoró. Lá longe mesmo...
Em seu interior, a Casa do Caminho encaminha, através do Programa RN Alfabetizado, um grupo de mães que, por um motivo ou outro, não tiveram como estudar ou não puderam continuar com os seus estudos.
Alegres, elas mostram, com orgulho, os últimos deveres em seus cadernos. As letras acompanham o brilho de cada desenho no papel e simbolizam a batalha diária que é ir saindo, aos poucos, da escuridão do analfabetismo funcional e entrar na claridade do alfabetizado decifrado e claramente dito, com voz trêmula de emoção.
A professora – voluntária e condutora dessa mediação –, diz, com a voz embargada de emoção, que aprendeu mais do que ensinou, pois cada dia é uma lição de vida e um aumento na autoestima de cada um de dentro da sala.
Os testemunhos são autênticos. Também, não teriam porque mentir. Mas, nem precisaria de depoimentos. A realidade está na face de cada uma delas. E essas realidades são visivelmente percebidas pelas condições de cada uma. Aliás, os caminhos que as levaram até ali são diversos. Porém todos com um objetivo único: aprender e fazer parte dessa sociedade tão discriminativa, que é capaz de excluir cidadãos apenas pelo fato de eles não saberem assinar os seus nomes.
Ali, pelos menos, esta fase já passou. Todas ali já sabem. E mostram, com orgulho, os seus deveres e como fazem suas lições. E hoje foi dia de elas serem apresentadas à sociedade, através de uma emissora de televisão: a Inter TV.
O cinegrafista, documentarista, poeta e radialista Zenóbio Oliveira e a repórter Sara Cardoso chegaram para documentar e entrevistá-las. Antes, a vaidade falou mais alto: cada uma delas, mesmo discretamente, arrumou o cabelo, deu um retoque no batom ou se assentou melhor na carteira da sala de aula.
A repórter conversou animadamente com cada uma delas e deixou-as à vontade. Nem era preciso. Pareciam veteranas na arte de se apresentar às câmeras. Nem titubearam nas respostas – aquelas escolhidas para falarem. E falaram. Muito. Contaram do prazer de ir descobrindo as letras, de irem se inserindo onde não podiam ir devido não saberem ler.
Dona Conceição
Contaram, a começar pela Conceição, da alegria e do prazer de escrever os seus nomes. A Rosilda disse, por exemplo, que é como ser cega a vida inteira e, de repente, enxergar. Já a Terezinha vivia dentro de casa, cheia de problemas de saúde. Um dia, um médico receitou o melhor remédio: vá para a escola. Aprenda a ler e a escrever. Assim ela fez. Hoje, é alegre, sorridente e o que é melhor: nunca mais precisou tomar remédio.
Dona Rosilda
Dona Terezinha
Estavam presentes os coordenadores do programa na circunscrição da 12ª DIRED – Lindalva Lima (coordenadora setorial) e o professor Ramilson (coordenador da unidade visitada). Os dois deram entrevista. Falaram de como é acompanhar e ver os resultados surgindo de forma gradativa e, o que é melhor, sem desistência. Como elas disseram – contou Lindalva, “aqui nós construímos uma nova família”.
A coordenadora setorial Lindalva Lima
O coodenador de turmas, professor Ramilson
A professora voluntária Cleide
Quando terminaram as entrevistas, e cada uma delas ia saindo, para as suas residências, uma curiosidade: nem todas moram na mesma localidade. Algumas vêm de muito longe. Mas vêm. O que ficou, para todos nós que assistíamos, foi uma lição de cidadania e força de vontade de aprender. 

O mural confeccionado
A arte manual feita no capricho
Junta-se às fotos dessas heroínas
RN ALFABETIZADO FUTEBOL CLUBE...

Liliane
Graça
Francisca
Maria José
Conceição
Terezinha
Miriam
Neuza
Maria Lins
Katyane
Antonia
Claudineide
Lucimar 
Rosilda

NOTA DA 12ª DIRED: 

O PROGRAMA: 

•RN Caminhando é um Programa de alfabetização instituído pelo Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal (Brasil Alfabetizado), destinado a jovens e adultos que estão fora do domínio significativo da prática social do ler-escrever. 

OBJETIVOS: 

•Implantar uma política de alfabetização de jovens e adultos em todos os municípios do Rio Grande do Norte; 

•Garantir a continuidade dos estudos dos jovens e adultos alfabetizados, através de uma política de inclusão no Ensino Fundamental; 

•Transformar o processo de ensino-aprendizagem num instrumento que, ultrapassando o domínio das linguagens escrita e falada, amplie os horizontes da cidadania; 

•Aumentar a autoestima e fortalecer a confiança na capacidade de aprender da população não-alfabetizada. 

CLIENTELA: 

•Jovens e adultos acima de 15 anos ou mais que não tiveram acesso à leitura e à escrita. 

CADASTRAMENTO DE TURMAS: 

•Zona Rural: mínimo de 07 (sete) alunos e máximo de 25 (vinte e cinco); 

•Zona Urbana: mínimo de 14 (quartoze) alunos e máximo de 25 (vinte e cinco); 

•Turmas com menos de 13 alunos não poderão coexistir em um mesmo local e horário de funcionamento; 

•As turmas de alfabetização que incluam jovens e adultos com necessidades especiais respeitarão a quantidade de três pessoas com deficiência por turma.

DURAÇÃO: 

•O Programa tem duração de 8 meses e carga horária total de 320 horas, com jornada diária de 2 horas. 


Um comentário:

Anônimo disse...

Muda horizontes por se tratar de um programa que procura integrar o cidadão/a cidadã na sociedade moderna, bem como desenvolver o espírito crítico e criativo de cada indivíduo. É desafiador porque tem como objetivo principal reduzir o número de analfabetos em nosso estado e, principalmente, em Mossoró, no nosso caso.Iremos conseguir.